O que é surto psicótico?
O surto psicótico pode ser definido como um momento de desorganização psíquica em que é categorizada principalmente pela perda de noção da realidade, apresentando comportamento descompensado e psicótico.
Durante o surto psicótico a pessoa pode apresentar sinais e sintomas como: confusão mental, delírios, alucinações, catatonia (paralisada, inerte, sem reação), fala desorganizada ou incoerente, alteração de humor, perda da noção de tempo e outros.
O surto psicótico é causado por conta de transtornos mentais psicóticos como a esquizofrenia, como consequência e comorbidade de outros transtornos mentais e relações abusivas como as drogas.
Quando alguém tem uma reação inesperada a um estímulo, ou simplesmente toma uma atitude que foge do padrão comum, é comum ouvir alguém falar que essa pessoa está surtada ou tendo um surto psicótico.
Surto na linguagem clínica relacionada a outros transtornos mentais é um momento de desorganização mental e por vezes até mesmo química e biologicamente, também podem ocorrer sem causa prévia e vir de maneira súbita.
Dessa forma o que seria o surto psicótico e de que forma ele afeta as pessoas? Quais os sintomas? Como é possível prevenir e quais são os tratamentos mais eficientes?
O surto psicótico está principalmente associado a transtornos mentais, em especial os transtornos de cunho psicótico: transtorno esquizoafetivo, transtorno psicótico breve, esquizofrenia.
Também pode ser desencadeado por outros transtornos psiquiátricos como depressão em sua forma mais aguda, transtorno bipolar, transtornos ansiosos, assim como possíveis danos neurológicos, vindo de lesão ou trauma.
As pesquisas indicam que alguns transtornos mentais como a bipolaridade e a esquizofrenia possuem relações genéticas e esses estão entre possíveis causas de psicose.
O abuso de substâncias químicas e a dependência química causam alterações químicas no cérebro, inclusive o modo de funcionamento do cérebro, essas reconfigurações deixam marcas e uma delas pode ser a psicose e depois o surto psicótico.
Alterações nos níveis hormonais, seja por causas externas como surto psicótico por estresse ou proveniente de doenças como disfunção hepática, AIDS e sífilis, podem também ser o início de um processo até a psicose.
Uma matéria da CNN Brasil no início de 2021 apresentou o estudo da universidade de São Paulo (USP) sobre os pacientes de COVID -19 tratados entre abril e agosto de 2020, onde 30% deles passaram a apresentar surto psicótico e/ou a crise de ansiedade.
Ainda há uma série de fatores particulares de cada pessoa, como experiências traumáticas, sobretudo na infância, portanto entende-se que o surto psicótico pode ter uma causa específica no momento, mas no geral é multicausal.
Agora que você está ciente da definição de surto psicótico, bem como de suas possíveis causas, é hora de ir mais a fundo e saber o que se pode fazer e o que não se deve fazer numa situação em que já está sobre efeitos do surto psicótico.
Siga as dicas a seguir com atenção. Lembre-se de que, seja você ou outra pessoa passando pela situação no momento, é importante não se desesperar. Tente pensar com clareza nas opções disponíveis.
Lembre-se que a principal característica do surto psicológico é a perda de noção da realidade, então é importante observar e analisar como a pessoa está percebendo as coisas ao seu redor e identificar se a pessoa está em delírio ou alucinação.
As alucinações podem se manifestar em qualquer um dos cinco sentidos ou em todos eles, mas observe se a pessoa está sentida, vendo, cheirando ou ouvindo algo.
Os delírios são um pouco mais difíceis de se identificar, pois são alterações ideológicas e de pensamentos. No entanto, é comum que as falas e frases não aparentem ter muita lógica. Além disso, pode ocorrer a manifestação de atitudes que não condizem com a situação.
Fique atento a qualquer alteração de humor. Observe se a pessoa subitamente se tornou mais agressiva, se sua noção de tempo está alterada ou se entrou em catatonia.
Todo esse cuidado é necessário para identificar os sinais antes que ocorra alguma atitude impulsiva. É importante destacar que essas atitudes podem colocar a vida da pessoa em risco.
Em alguns casos de transtornos mentais é preciso o uso de medicação para fazer o controle dos sintomas, por isso é imprescindível que seja feito o controle preciso dos medicamentos como sua dosagem e periodicidade.
Pois um aumento ou diminuição, assim como o não respeito aos períodos corretos, podem provocar efeitos adversos não previstos, ou ainda dificultar o processo de tratamento.
Em casos em que você toma as medidas necessárias para prevenção do risco para si mesmo e para a pessoa em surto psicótico, porém ainda assim é manifestado o comportamento agressivo e violento que foge ao seu controle, chame por ajuda.
Os números de emergência e urgência, como o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (SAMU) – 192, podem ser utilizados nessas situações. Mesmo que haja alguém presente para conter, é recomendável acionar o serviço, pois não se sabe à proporção que a situação pode tomar.
Há também a opção do encaminhamento para um Centro de Atendimento Psicossocial (CAPS), caso haja algum próximo, pois esse estabelecimento público também lida com casos de urgência.
Por vezes mais importante do que saber o que fazer é saber o que não fazer, pois uma atitude errada pode levar a consequências devastadoras, uma pessoa em surto precisa de apoio e não que você tente assumir o controle de todo o jeito.
Algumas intervenções podem ser necessárias, contudo, a de se ter cuidado na forma com que são feitas, veja a seguir o que não se pode fazer durante o surto psicótico.
Não Confronte o paciente: Durante o período do surto psicótico o paciente perde a noção de realidade, dessa maneira é ideal que evite atritos e confrontos com essa pessoa, mesmo que esteja apresentando comportamentos disfuncionais em virtude dos sintomas.
O ideal é tratar a pessoa com calma, empatia e compreensão, em vez de responder de forma ríspida. Um surto psicótico já gera instabilidade emocional, e não é necessário contribuir para isso.
Os delírios e alucinações do paciente são reais para ele. Não adianta tentar convencê-lo do contrário durante o surto, seja contradizendo o que a pessoa disse ou mostrando fatos. Essa não é a hora apropriada para isso.
Não deixe objetos perigosos no alcance do paciente: É importante que a pessoa durante o surto não fique em locais com acesso a objetos pontiagudos e cortantes como faca, garfo, tesoura, pregos, chaves; pois em surto a pessoa pode não reconhecer e se machucar ou machucar outros por perto.
Durante um surto psicótico, é comum que a pessoa confunda os objetos com outras coisas ou atribua a eles significados delirantes ou alucinatórios. É importante reconhecer que, nesse estado, a pessoa está vivenciando uma realidade distorcida.
Há também os locais de tumulto ou que possam oferecer algum tipo de risco no sentido de trauma ou de despertar alguma reação aversiva, nesses casos é melhor convidar a pessoa a um lugar mais tranquilo.
Não tente resolver a situação sozinho: O fenômeno do surto psicótico como já mostrei é um momento de desorganização psíquica, logo configura uma situação de risco.
Em situações como essa, mesmo que tenha as indicações necessárias. É importante reconhecer a hora de pedir ajuda, seja durante o surto ou após ele, mas sozinho você não conseguirá resolver essas situações.
O ideal seria que os pacientes em condições que possam desencadear um surto psicótico já estivessem em tratamento. No entanto, na maioria das vezes, a busca por tratamento ocorre apenas após o surgimento do surto ou mesmo durante o seu acontecimento, como forma de buscar ajuda.
A característica principal do surto psicótico reside na perda da noção de realidade, a manifestação principal desse fato, ocorre por meio de dois sintomas delírios e alucinações.
Os delírios são alterações de pensamento que por sua consequência geram alterações comportamentais, as ideias delirantes vêm de convicções erradas tiradas de situações exteriores à pessoa, mas que para aquela pessoa é tida como verdade.
Por exemplo, uma pessoa em surto pode ver duas pessoas conversando e achar que elas estão a falar dele e que tudo isso faz parte de um plano de vigilância nacional sobre ele, visto como parte de um fato real, mas o pensamento vai muito mais longe.
Já a alucinação não tem relação com a realidade, tanto o estímulo quando o que é sentido pode ser completamente alucinatório, pode ser visual, tátil, auditiva, olfativa ou de todas essas em conjunto.
Assim a pessoa pode ter a alucinação de estar ouvindo vozes dizendo que a vão pegar ou perseguir, sem qualquer estímulo externo a ela.
Outros sintomas comuns podem ser:
O tipo de surto psicótico vai depender da origem e causas que levaram ao surgimento do quadro. A psicose orgânica, por exemplo, tem sua origem a partir de lesões sofridas no cérebro.
Quadros como o transtorno afetivo bipolar, o transtorno delirante e o uso de substâncias psicoativas também podem levar a manifestação de surtos psicóticos. Além dos já citados, o transtorno de personalidade paranóide costuma se manifestar associado a quadros de surto psicótico.
A esquizofrenia ainda é o transtorno mais característico associado a presença de surtos psicóticos. Muitas vezes as pessoas acreditam que a manifestação desse quadro vai estar associada apenas aos chamados sintomas positivos, mas na realidade, os sintomas negativos também vão servir como critérios diagnósticos.
Surto psicótico: É possível evitar? Saiba como
Demonstramos que as causas de um surto psicótico podem ser múltiplas, entre genética, psicológicas e sociais, porém algumas atitudes podem ser tomadas para que se diminua o risco de desenvolvimento:
Evitar o uso de drogas: O uso de drogas pode acarretar diversos fatores e consequências ruins para o corpo e a mente, dentre elas o desenvolvimento de transtornos psicóticos, que podem levar a um surto psicótico.
Isso acontece, pois, muitas drogas perturbam o funcionamento cerebral podendo deixar sequelas, dentre eles alterações neuroquímicas que podem levar ao desenvolvimento de transtornos psicóticos e do surto psicótico.
É mais comum em drogas com efeitos alucinógenos, que já induzem nos usuários alucinações e delírios, assim desencadeiam episódios de psicose que como o tempo podem se agravar.
Buscar ajuda profissional: A ajuda profissional antes de ocorrer um surto psicótico pode ter um caráter preventivo além do tratamento e redução de sintomas.
Casos em que é mais fácil identificar a possibilidade, são de pessoas com casos de surto psicótico, transtorno mental psicótico ou não associado a esse fenômeno, como também em pessoas com transtorno mental com possibilidade de desenvolver surto psicótico.
Nesses casos, é importante procurar a ajuda profissional com antecedência, pois há uma grande chance de ocorrer um surto. Ao iniciar o tratamento adequado, é possível evitá-lo.
Tenha uma vida mais saudável e tranquila: Uma vida com uma alimentação balanceada. Prática de exercícios regulares. Preenchida com momentos de lazer. Além de ser mais prazerosa. Regula melhor os níveis hormonais. Assim, possui menos oscilações de humor e menos estresse.
Mas por que isso é importante? Lembre-se que uma das possíveis causas do surto psicótico é a desregulação nos níveis hormonais, fazendo isso você estará menos suscetível ao cortisol por exemplo, conhecido como o hormônio do estresse.
Assim, tendo esses hábitos, dificilmente desenvolverá alguma doença nos órgãos internos. Isso pode provocar uma desregulação dessas, como uma disfunção hepática ou pancreática. Muito provavelmente, não terá ISTs como sífilis e AIDS. Elas também mexem com o sistema hormonal.
O surto psicótico costuma apresentar melhora algumas semanas após o início dos sintomas, principalmente quando esse quadro não vem associado a uma alteração mental crônica. Nesses casos, os surtos costumam ser recorrentes e demandam o uso de medicamentos antipsicóticos para a estabilização.
Diferentes traumas, experiências de vida, questões orgânicas e psíquicas podem levar a manifestação de surtos psicóticos. Por isso, não é possível afirmar que uma pessoa nunca manifestará um quadro de surto psicótico.
Sujeitos que vivenciam quadros de luto patológico, transtornos de personalidade ou quadros de estresse pós-traumático apresentam fatores de risco para o desenvolvimento de surtos, contudo, qualquer pessoa pode vivenciar a experiência da psicose.
Para o surto psicótico o ideal é que seja um tratamento de múltiplas áreas, uma vez que, esse fenômeno é bastante complexo e afeta vários aspectos da vida da pessoa portadora como um todo.
Abaixo uma lista dos tratamentos que consideramos que se encaixasse melhor naquilo que a pessoa que está passando por um surto psicótico precisaria, apenas tratamento que sejam seguros e que ofereçam suporte adequado ao paciente.
Internação: Apesar do nome da internação psiquiátrica ainda gerar certo receio, fique tranquilo (a) que hoje em dia o procedimento não é mais agressivo como era antigamente, na verdade é um espaço de oportunidade e de cuidados.
A internação em clínicas de recuperação especializadas em tratamentos de saúde mental permite o acesso do paciente a diferentes tipos de tratamentos. Esses tratamentos são humanizados e individualizados, adequando-se às necessidades de cada paciente.
O tratamento nas clínicas de recuperação costuma ser de maneira biopsicossocial. Busca-se restaurar as áreas afetadas pelo surto psicótico, além de entender as causas que levaram ao seu desenvolvimento.
Medicamentos: Os medicamentos são muito usados para controlar os sinais e sintomas do surto psicótico bem como dos transtornos mentais associados a ele e que podem provocá-lo.
Os medicamentos em sua maioria não são suficientes para tratar o transtorno sozinhos, porém aliviam bastante os sintomas e permite que o portador (a) do transtorno possa viver cotidianamente bem.
Psicoterapia: A psicoterapia é fundamental para entender as possíveis causas do surto psicótico, bem como do transtorno a ele associado, assim como entender em que isso está prejudicando a vida da pessoa.
Pois cada pessoa reage de forma diferente a uma mesma situação. Assim, é importante também entender como o surto psicótico tem afetado emocional e psicologicamente aquela pessoa. Compreender esses aspectos é fundamental para identificar os passos necessários a serem dados.
A Psicoterapia é um grande passo em direção a uma recuperação saudável e consciente, com o tempo é possível fazer a remissão de todos os sintomas.
O surto psicótico com certeza não é um evento comum, mas também não é o fim do mundo, quanto mais esclarecemos questões de saúde mental, ajudamos com que essas pessoas que se sentem escanteadas sejam acolhidas.
Como esse fenômeno possui sua causa associada a diversos fatores, é difícil adotar medidas de prevenção. No entanto, fazer parte de uma família com histórico desse fenômeno ou possuir um transtorno capaz de provocá-lo são pontos de atenção.
Lembre-se: mais importante do que saber o que fazer é, por vezes, não fazer a coisa errada e não complicar a situação. Não tente resolver uma situação de surto psicótico sozinho. Se for possível, chame a ajuda especializada.
Nos casos em que não foi possível prevenir que acontecesse, não se preocupe, existem tratamentos adequados e confiáveis que podem realizar a remissão dos sinais e sintomas para que a pessoa consiga ter uma vida estável.
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