O transtorno por uso de opioides inclui sinais e sintomas que refletem a autoadministração compulsiva e prolongada de substâncias opioides usadas sem finalidade médica legítima, ou, na presença de outra condição médica cujo tratamento exige opioide, este é usado em doses muito acima da quantidade necessária (p. ex., um indivíduo com prescrição para opioides analgésicos com finalidade de alívio da dor em dosagem adequada fará uso significativamente maior do que indica a prescrição, e não apenas devido à dor persistente).
Indivíduos com transtorno por uso de opioides são propensos a desenvolver padrões regulares de uso compulsivo de drogas ou fármacos a ponto de planejar as atividades diárias em torno da obtenção e administração de opioides.
Opioides costumam ser adquiridos no mercado negro, mas também podem ser obtidos por intermédio dos médicos por meio da falsificação ou exagero de problemas médicos gerais ou ao receber prescrições simultâneas de vários médicos.
Profissionais da área da saúde com transtorno por uso de opioides frequentemente obtêm tais substâncias ao receitá-las para si mesmos ou ao desviar opioides que foram receitados para pacientes ou de suprimentos farmacêuticos.
A maioria das pessoas com o transtorno apresenta níveis significativos de tolerância e passa por abstinência quando da descontinuação abrupta do uso dessas substâncias.
Indivíduos com transtorno por uso de opioides costumam desenvolver respostas condicionadas a estímulos relacionados a drogas (p. ex., fissura ao ver qualquer tipo de substância semelhante à heroína em pó) – um fenômeno que ocorre com a maioria das drogas que causam mudanças psicológicas intensas.
Essas respostas provavelmente contribuem para a recaída, são difíceis de eliminar e normalmente persistem durante muito tempo depois que a desintoxicação foi completada.
As condições médicas mais comuns associadas com o transtorno por uso de opioides são infecções virais (p. ex., HIV, vírus da hepatite C) e bacterianas, particularmente entre usuários de opioides por via intravenosa.
Essas infecções são menos comuns no transtorno por uso de opioides obtidos com receita médica. O
transtorno por uso de opioides costuma estar associado a outros transtornos por uso de substâncias, especialmente os que envolvem tabaco, álcool, Cannabis, estimulantes e benzodiazepínicos, os quais são administrados com frequência para reduzir os sintomas de abstinência ou de fissura por opioides ou então para intensificar os efeitos de opioides administrados. Indivíduos com transtorno por uso de opioides correm risco de desenvolver depressão de leve a moderada que satisfaz os critérios de sintomas e duração para transtorno depressivo persistente (distimia) ou, em alguns casos, para transtorno depressivo maior.
Esses sintomas podem representar um transtorno depressivo induzido por opioide ou uma exacerbação de um transtorno depressivo primário preexistente. Períodos de depressão são particularmente comuns durante a intoxicação crônica ou em associação com estressores físicos ou psicossociais que estão relacionados ao transtorno por uso de opioides.
Insônia é uma ocorrência comum, especialmente durante a abstinência.
Transtorno da personalidade antissocial é muito mais comum em indivíduos com transtorno por uso de opioides do que na população em geral.
Observa-se também transtorno de estresse pós-traumático com frequência cada vez maior. História de transtorno da conduta na infância ou adolescência foi identificada como fator de risco para transtornos relacionados a substâncias, especialmente transtorno por uso de opioides.
A característica essencial da intoxicação por opioides é a presença de alterações comportamentais ou psicológicas clinicamente significativas e problemáticas (p. ex., euforia inicial seguida por apatia, disforia, agitação ou retardo psicomotor, julgamento prejudicado) que se desenvolvem durante ou logo após o uso de opioides.
A intoxicação é acompanhada por miose (a menos que tenha ocorrido uma overdose grave com consequente anoxia e midríase) e um ou mais dos seguintes sinais: torpor, fala arrastada e prejuízo na atenção ou na memória; o torpor pode progredir para coma. Indivíduos com intoxicação por opioides podem demonstrar desatenção quanto ao ambiente a ponto de ignorarem eventos potencialmente perigosos.
Os sinais ou sintomas não podem ser atribuíveis a outra condição médica nem serem mais bem explicados por outro transtorno mental.
A característica essencial da abstinência de opioides é a presença de uma síndrome de abstinência típica que se desenvolve após a cessação (ou redução) do uso pesado e prolongado de opioides.
A síndrome de abstinência também pode ser precipitada pela administração de um antagonista de opioides (p. ex., naloxona ou naltrexona) após um período de uso dessas substâncias e também pode ocorrer após a administração de um agonista parcial de opioides, como buprenorfina, a uma pessoa que, no momento, está usando um agonista total de opioides.
A abstinência de opioides caracteriza-se por um padrão de sinais e sintomas opostos aos efeitos agudos do agonista.
Os primeiros sintomas são subjetivos e consistem em queixas de ansiedade, inquietação e uma “sensação dolorida”, frequentemente localizada nas costas e nas pernas, acompanhada por irritabilidade e maior sensibilidade à dor.
Três ou mais dos seguintes sintomas devem estar presentes para um diagnóstico de abstinência de opioides: humor disfórico; náusea ou vômito; dores musculares; lacrimejamento ou rinorreia; midríase, piloereção ou sudorese; diarreia; bocejos; febre; e insônia.
A piloereção e a febre estão associadas à abstinência grave e não costumam ser observadas na prática clínica de rotina, porque os indivíduos com transtorno por uso de opioides geralmente obtêm a substância antes de a abstinência tornar-se tão avançada.
Esses sintomas de abstinência de opioides devem causar sofrimento clinicamente significativo ou prejuízo no funcionamento social, profissional ou em outras áreas importantes da vida do indivíduo. Os sintomas não podem ser atribuíveis a outra condição médica nem podem ser mais bem explicados por outro transtorno mental.
Apenas satisfazer os critérios diagnósticos para abstinência de opioides não é suficiente para um diagnóstico de transtorno por uso de opioides, mas sintomas concomitantes de fissura por opioides e comportamento de busca da droga sugerem comorbidade com transtorno por uso de opioides.
Os códigos da CID-10-MC apenas permitem um diagnóstico de abstinência de opioides na presença comórbida de transtorno por uso de opioides de moderado a grave.
A rapidez e a gravidade da abstinência associada a opioides dependem da meia-vida do opioide utilizado.
Na maioria dos indivíduos com dependência fisiológica de drogas de curta ação, tais como heroína, os sintomas de abstinência ocorrem no prazo de 6 a 12 horas após a última dose.
Os sintomas podem levar de 2 a 4 dias para se manifestarem no caso de drogas de efeito mais prolongado, como metadona ou LAAM (L-alfa-acetilmetadol) ou buprenorfina.
Os sintomas agudos de abstinência de um opioide de ação curta, como a heroína, em geral atingem um pico no prazo de 1 a 3 dias e cedem gradualmente ao longo de 5 a 7 dias. Sintomas menos agudos de abstinência podem durar semanas ou meses. Esses sintomas mais crônicos incluem ansiedade, disforia, anedonia e insônia.
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