As fenciclidinas (ou substâncias semelhantes) incluem a fenciclidina (p. ex., PCP, “pó de anjo”) e compostos menos potentes, mas de ação semelhante, como quetamina, cicloexamina e dizocilpina.
Essas substâncias foram desenvolvidas inicialmente como anestésicos dissociativos nos anos de 1950 e passaram a ser vendidas nas ruas na década de 1960. Elas produzem sensação de separação da mente e do corpo (por isso são “dissociativas”) em pequenas doses e, em doses elevadas, podem resultar em estupor e coma.
Normalmente são fumadas ou administradas via oral, mas também podem ser cheiradas ou injetadas.
Embora os efeitos psicoativos primários da PCP durem algumas horas, a taxa de eliminação total dessa droga do corpo geralmente dura oito dias ou mais.
Os efeitos alucinógenos em indivíduos vulneráveis podem durar semanas e precipitar um episódio psicótico persistente que lembra esquizofrenia.
Observou-se que a quetamina é útil no tratamento de transtorno depressivo maior. Os sintomas de abstinência não foram totalmente estabelecidos em seres humanos, e, portanto, o critério de abstinência não consta no diagnóstico de transtorno por uso de fenciclidina.
Em indivíduos com transtorno por uso de fenciclidina, pode haver evidências físicas de lesões causadas por acidentes, brigas e quedas.
O uso crônico da substância pode levar a déficits na memória, na fala e na cognição que podem durar meses.
Toxicidades cardiovascular e neurológica (p. ex., convulsões, distonias, discinesias, catalepsia, hipotermia ou hipertermia) podem resultar da intoxicação por fenciclidina. Outras consequências incluem hemorragia intracraniana, rabdomiólise, problemas respiratórios e (eventualmente) parada cardíaca.
A classe dos alucinógenos compreende um grupo de substâncias variadas que, apesar de apresentarem estruturas químicas diferentes, e de possivelmente envolverem diferentes mecanismos moleculares, produzem alterações semelhantes da percepção, do humor e da cognição em seus usuários.
Os alucinógenos inclusos nesta categoria são as fenilalquilaminas (p. ex., mescalina, DOM [2,5-dimetóxi-4-metilanfetamina] e MDMA [3,4-metilenodioximetanfetamina; também chamada de ecstasy]); as indolaminas, incluindo psilocibina (i.e., psilocina) e dimetiltriptamina (DMT); e as ergolinas, como LSD (dietilamida do ácido lisérgico) e sementes de ipomeia. Além destes, vários outros compostos etnobotânicos são classificados como “alucinógenos”, dos quais Salvia divinorum e Figueira-do-diabo (Datura stramonium) são dois exemplos.
Excluídos desse grupo estão a Cannabis e seu composto ativo, delta-9-tetraidrocanabinol (THC) (ver a seção “Transtornos Relacionados a Cannabis”).
Essas substâncias podem ter efeitos alucinógenos, mas são diagnosticadas separadamente devido a diferenças significativas em seus efeitos psicológicos e comportamentais.
Alucinógenos geralmente são consumidos por via oral, embora algumas variações sejam fumadas (p. ex., DMT, sálvia) ou (raramente) consumidas via intranasal ou intravenosa (p. ex., ecstasy).
A duração dos efeitos varia de um tipo de alucinógeno para outro.
Algumas dessas substâncias (i.e., LSD, MDMA) têm meia-vida longa e duração prolongada, de forma que os usuários podem gastar entre horas a dias usando-as ou se recuperando de seus efeitos.
Contudo, outras drogas alucinógenas (p. ex., DMT, sálvia) têm ação breve.
A tolerância a alucinógenos desenvolve-se com o uso repetido, e relataram-se efeitos tanto autonômicos quanto psicológicos. Existe tolerância cruzada entre LSD e outros alucinógenos (p. ex., psilocibina, mescalina), mas não se estende a outras categorias de drogas como anfetaminas e Cannabis.
O MDMA/ecstasy como alucinógeno pode apresentar efeitos distintos atribuíveis às suas propriedades tanto alucinógenas quanto estimulantes.
Entre usuários crônicos de ecstasy, o uso contínuo apesar de problemas físicos ou psicológicos, tolerância, uso prejudicial e excesso de tempo gasto na obtenção da substância são os critérios relatados com mais frequência – mais de 50% em adultos e mais de 30% da amostra de indivíduos mais jovens, enquanto problemas legais relacionados ao uso da substância e desejo persistente/incapacidade de abandonar o consumo raramente são relatados.
Assim como ocorre com outras substâncias, os critérios diagnósticos para transtorno por uso de outros alucinógenos estão dispostos em um espectro de gravidade.
Um dos critérios gerais para transtornos por uso de substância, uma síndrome de abstinência clinicamente significativa, não foi documentada de forma consistente em seres humanos, e, portanto, o diagnóstico de síndrome de abstinência de alucinógenos não foi incluído no DSM-5.
Contudo, há evidências de abstinência de MDMA, com a presença de dois ou mais sintomas de abstinência observados em 59 a 98% de amostras selecionadas de usuários de ecstasy. Houve relatos de problemas tanto psicológicos como físicos decorrentes de abstinência.
Há evidências dos efeitos neurotóxicos de longo prazo do uso de MDMA/ecstasy, incluindo comprometimento da memória, da função psicológica e da função neuroendócrina, disfunção do sistema serotonérgico e perturbação do sono, bem como dos efeitos adversos sobre a microvasculatura encefálica, maturação da matéria branca e dano a axônios.
O uso de MDMA/ecstasy pode reduzir a conectividade funcional entre regiões do cérebro.
A intoxicação por fenciclidina reflete as alterações comportamentais clinicamente significativas que ocorrem logo após a ingestão dessa substância (ou de uma substância farmacologicamente semelhante).
As apresentações clínicas mais comuns de intoxicação por fenciclidina incluem desorientação, confusão sem alucinações, alucinações ou delírios, uma síndrome semelhante a catatonia e coma de gravidade variável.
A intoxicação costuma durar várias horas, mas, dependendo do tipo de apresentação clínica, e se outras drogas além de fenciclidina foram consumidas, pode durar vários dias ou mais.
A intoxicação por fenciclidina produz toxidade cardiovascular e neurológica (p. ex., convulsões, distonias, discinesias, catalepsia, hipotermia ou hipertermia) extensa.
A intoxicação por outros alucinógenos reflete as alterações comportamentais ou psicológicas clinicamente relevantes que ocorrem logo após a ingestão de um alucinógeno.
Dependendo do alucinógeno em questão, a intoxicação pode durar apenas minutos (p. ex., com sálvia) ou várias horas ou ainda mais tempo (p. ex., com LSD [dietilamida do ácido lisérgico] ou MDMA [3,4-metilenodioximetanfetamina]).
Intoxicação por outros alucinógenos pode apresentar consequências graves. As perturbações da percepção e o julgamento prejudicado associados à intoxicação por outros alucinógenos podem resultar em lesões ou mortes decorrentes de acidentes automobilísticos, brigas de natureza física ou lesão autoinfligida involuntariamente (p. ex., tentativas de “voar” de lugares altos).
Fatores ambientais e a personalidade e expectativas do indivíduo ao usar o alucinógeno podem contribuir para a natureza e a gravidade da intoxicação por alucinógenos.
O uso contínuo de tais substâncias, especialmente de MDMA, também já foi ligado a efeitos neurológicos.
Desde 2009 Grupo Reset Prime Todos os direitos reservado
© Copyright 2001-2024 Copyright.com.br – All Rights Reserved