Fez esforços repetidos e malsucedidos no sentido de controlar, reduzir ou interromper o hábito de jogar.
Episódico: Satisfaz os critérios diagnósticos mais de uma única vez, sendo que os sintomas cedem entre períodos de transtorno do jogo durante um período mínimo de vários meses.
Persistente: Experiencia sintomas contínuos, satisfazendo os critérios diagnósticos por vários anos.
Especificar se:
Em remissão inicial: Após todos os critérios para transtorno do jogo terem sido preenchidos anteriormente, nenhum dos critérios para transtorno do jogo foi preenchido durante um período mínimo de três meses, porém inferior a 12 meses.
Em remissão sustentadaApós todos os critérios para transtorno do jogo terem sido preenchidos anteriormente, nenhum dos critérios para transtorno do jogo foi preenchido em nenhum momento durante um período igual ou superior a 12 meses.
Especificar a gravidade atual:
Leve: Preenche 4 ou 5 critérios.
Moderada: Preenche 6 ou 7 critérios.
Grave: Preenche 8 ou 9 critérios.
Nota: Embora algumas condições comportamentais que não envolvem a ingestão de substâncias apresentem semelhanças com transtornos relacionados a substâncias, apenas um transtorno – transtorno do jogo – conta com dados suficientes para ser incluído nesta seção.
A gravidade baseia-se na quantidade de critérios preenchidos. Indivíduos com transtorno do jogo leve podem exibir apenas 4 ou 5 critérios, sendo que os critérios preenchidos com maior frequência normalmente estão relacionados à preocupação com o jogo e a “recuperar” as perdas. Indivíduos com transtorno do jogo moderadamente grave exibem mais critérios (i.e., 6 ou 7); os com a forma mais grave irão exibir todos ou a maioria dos nove critérios (i.e., 8 ou 9).
Colocar em risco relacionamentos ou oportunidades profissionais devido ao jogo e depender de outras pessoas para obter fundos a fim de cobrir as perdas no jogo costumam ser os critérios menos frequentes e ocorrem mais entre pessoas com a forma do transtorno mais grave.
Além disso, indivíduos que se apresentam para tratamento do transtorno do jogo geralmente mostram formas de moderadas a graves.
Jogar envolve arriscar algo valioso na esperança de obter algo ainda mais valioso. Em diversas culturas, indivíduos apostam em jogos e eventos, e a maioria o faz sem experimentar problemas.
Contudo, algumas pessoas desenvolvem um comprometimento considerável com relação ao seu comportamento de jogo.
A característica essencial do transtorno do jogo é o comportamento de jogo desadaptativo persistente e recorrente que perturba os objetivos pessoais, familiares e/ou profissionais (Critério A).
O transtorno do jogo é definido como um grupo de quatro ou mais sintomas listados no Critério A, com ocorrência no mesmo período de 12 meses.
Um padrão de “recuperar as perdas” pode se desenvolver, acompanhado de uma necessidade urgente de continuar jogando (frequentemente com apostas ou riscos maiores) a fim de desfazer uma perda ou uma série de perdas.
O indivíduo pode abandonar sua estratégia de jogo e tentar recuperar todas as perdas ao mesmo tempo. Embora muitos jogadores possam apresentar essa característica durante períodos breves, essa atitude frequente e em geral prolongada é típica do transtorno do jogo (Critério A6).
As pessoas podem mentir para familiares, terapeutas, ou outras pessoas para esconder a extensão de seu envolvimento com o jogo e ocultar, entre outros, comportamentos ilícitos como falsificação, fraude, roubo ou estelionato para a obtenção de dinheiro para o jogo (Critério A7).
Também podem apelar para comportamento de “resgate financeiro”, voltando-se para a família ou outras pessoas ao solicitar ajuda com uma situação financeira desesperadora causada pelo jogo (Critério A9).
Distorções do pensamento (p. ex., negação, superstições, sentimentos de poder e controle sobre o resultado de eventos regulados pelo acaso, excesso de confiança) podem estar presentes em indivíduos com transtorno do jogo.
Muitos com o transtorno acreditam que o dinheiro é tanto a causa quanto a solução para seus problemas.
Algumas pessoas com esse transtorno são impulsivas, competitivas, cheias de energia, inquietas e entediam-se facilmente; podem mostrar-se demasiadamente preocupadas com a aprovação dos outros e ser generosas a ponto da extravagância quando ganham.
Outros indivíduos com o transtorno são deprimidos e solitários e podem jogar quando se sentem impotentes, culpados ou deprimidos. Até metade dos indivíduos sob tratamento para transtorno do jogo tem ideação suicida, e cerca de 17% tentaram suicídio.
A taxa de prevalência no ano anterior de transtorno do jogo é de 0,2 a 0,3% na população em geral, e a taxa de prevalência ao longo da vida é de 0,4 a 1%. No caso do sexo feminino, a taxa de prevalência ao longo da vida de transtorno do jogo é de 0,2%, e, para o sexo masculino, é de 0,6%.
A prevalência ao longo da vida do jogo patológico entre afro-americanos é de 0,9%, entre brancos, de 0,4%, e, entre hispânicos, de 0,3%
O início do transtorno do jogo pode ocorrer durante a adolescência ou no início da idade adulta, mas, em outros indivíduos, manifesta-se na meia-idade ou até mesmo na idade adulta avançada.
De modo geral, o transtorno do jogo desenvolve-se ao longo de anos, mas a progressão parece ser mais rápida em pessoas do sexo feminino do que nas do sexo masculino. A maioria dos indivíduos que desenvolvem um transtorno do jogo demonstra um padrão de jogo com aumento gradual tanto da frequência quanto do valor das apostas.
Certamente, formas mais leves podem progredir para casos mais graves.
A maioria dos indivíduos com transtorno do jogo relata que um ou dois tipos de jogos são os mais problemáticos para eles, embora alguns participem de várias formas de jogo.
Os indivíduos tendem a se envolver com tipos determinados de jogos (p. ex., comprar raspadinhas diariamente) com mais frequência do que com outros (p. ex., máquinas caça-níquel ou jogar blackjack em cassinos todas as semanas).
A frequência do jogo pode estar relacionada mais ao tipo de jogo do que à gravidade do transtorno do jogo geral. Por exemplo, adquirir uma única raspadinha por dia pode não ser problemático, enquanto apostas menos frequentes em cassinos, esportes ou jogos de cartas podem fazer parte de um transtorno do jogo. De modo semelhante, as quantias gastas em apostas não são em si indicativas de transtorno do jogo.
Algumas pessoas podem apostar milhares de dólares por mês sem apresentar um problema com o jogo, enquanto outras podem apostar quantias muito menores, mas sofrer dificuldades consideráveis relacionadas ao jogo. Os padrões de jogo podem ser regulares ou episódicos, e o transtorno pode ser persistente ou estar em remissão.
O hábito de jogar pode ficar mais intenso durante períodos de estresse ou depressão e durante períodos de uso de ou abstinência de substâncias. Pode haver períodos de jogo pesado e problemas graves, épocas de abstinência total e períodos de jogo não problemático.
O transtorno do jogo às vezes está associado a remissões espontâneas e duradouras.
Ainda assim, alguns indivíduos subestimam sua vulnerabilidade para o desenvolvimento do transtorno do jogo ou sofrem recaída do transtorno após a remissão.
Durante um período de remissão, as pessoas podem presumir erroneamente que não terão problemas em regular o jogo e que podem jogar outros tipos de jogos de forma não problemática, mas acabam voltando a apresentar o transtorno.
A manifestação precoce do transtorno do jogo é mais comum no sexo masculino do que no sexo feminino. Indivíduos que começam a jogar na juventude costumam fazê-lo com familiares ou amigos.
O desenvolvimento precoce do transtorno do jogo parece estar associado à impulsividade e ao abuso de substâncias.
Muitos estudantes do ensino médio e universitários que desenvolvem o transtorno amadurecem e deixam de apresentar o transtorno com o tempo, embora ele permaneça sendo um problema para toda a vida em alguns deles.
O início do transtorno na meia-idade ou em idade mais avançada é mais comum em pessoas do sexo feminino do que naquelas do sexo masculino.
Há variações de idade e gênero no tipo das atividades de jogo e nas taxas de prevalência do transtorno.
Ele é mais comum entre pessoas mais jovens e na meia-idade do que entre adultos mais velhos. Entre adolescentes e jovens adultos, o transtorno é mais prevalente no sexo masculino do que no sexo feminino. Indivíduos mais jovens preferem tipos diferentes de jogo (p. ex., apostas em esportes), enquanto adultos mais velhos desenvolvem problemas com caça-níqueis e bingos com maior frequência.
Embora a proporção de indivíduos que buscam tratamento para o transtorno do jogo seja baixa em todas as faixas etárias, pessoas mais jovens, em particular, são menos propensas a se apresentar para tratamento.
Indivíduos do sexo masculino são mais propensos a começar a jogar mais cedo na vida e a ser mais jovens no momento do início do transtorno do que os do sexo feminino, que têm maior probabilidade de começar a jogar mais tarde na vida e a desenvolver o transtorno do jogo em um período de tempo mais curto.
Em comparação com os homens que apresentam o transtorno, as mulheres têm maior chance de apresentar transtornos depressivo, bipolar e de ansiedade. Elas também são mais velhas no início do transtorno e buscam tratamento mais cedo, embora as taxas de busca de tratamento sejam baixas (inferiores a 10%) entre indivíduos com transtorno do jogo, independentemente do gênero.
Temperamentais. O início do hábito de jogar na infância ou no início da adolescência está associado a taxas mais elevadas de transtorno do jogo.
Aparentemente, o transtorno do jogo também se agrega ao transtorno da personalidade antissocial, aos transtornos depressivo e bipolar e a outros transtornos por uso de substâncias, especialmente aos transtornos relacionados ao álcool.
Genéticos e fisiológicos. O transtorno do jogo pode ter um padrão de ocorrência famíliar, e esse efeito parece estar relacionado a fatores tanto ambientais quanto genéticos. Problemas com jogo são mais frequentes em gêmeos monozigóticos do que em gêmeos dizigóticos.
O transtorno do jogo também é mais prevalente em parentes de primeiro grau de indivíduos com transtorno por uso de álcool de moderado a grave do que na população em geral.
Modificadores do curso. Muitos indivíduos, incluindo adolescentes e adultos jovens, provavelmente melhoram de seus problemas relacionados ao transtorno do jogo com o passar do tempo, embora um forte preditor de futuros problemas com jogo sejam problemas anteriores com ele.
Indivíduos de culturas e raças/etnias específicas são mais propensos a participar de determinadas atividades de jogo do que de outras (p. ex., pai gow [dominós chineses], rinhas de galo, blackjack, corridas de cavalo). As taxas de prevalência do transtorno do jogo são mais altas entre afro-americanos do que entre americanos de descendência europeia, sendo que as taxas para hispano-americanos são semelhantes às de americanos de origem europeia. Populações indígenas têm altas taxas de prevalência de transtorno do jogo.
Indivíduos do sexo masculino desenvolvem transtorno do jogo em taxas mais elevadas do que os do sexo feminino, mas essa disparidade pode estar ficando menor. Em relação às mulheres, homens tendem a apostar em formas diferentes de jogo, sendo que jogos envolvendo cartas, esportes e corrida de cavalos são mais prevalentes no sexo masculino, e jogos como caça-níqueis e bingo são mais comuns no sexo feminino.
Áreas do funcionamento psicossocial, da saúde e da saúde mental podem ser afetadas de forma adversa pelo transtorno do jogo.
Especificamente, indivíduos com o transtorno podem, devido a seu envolvimento com jogo, colocar em risco ou perder relacionamentos importantes com familiares ou amigos.
Tais problemas podem ocorrer em decorrência de mentiras constantes aos outros para encobrir a extensão do jogo ou devido a empréstimos usados para jogar ou para saldar dívidas de jogo.
O emprego ou atividades educacionais podem sofrer um impacto adverso da mesma forma pelo transtorno do jogo; absenteísmo ou baixo desempenho no trabalho ou na escola podem ocorrer com o transtorno, já que os indivíduos podem jogar durante o expediente ou durante o turno escolar ou estar preocupados com o jogo ou com suas consequências adversas quando deveriam estar trabalhando ou estudando. Indivíduos com transtorno do jogo têm saúde geral debilitada e utilizam serviços médicos em taxas elevadas.
O transtorno do jogo deve ser distinguido do jogo profissional e do jogo social. No jogo profissional, os riscos são limitados, e a disciplina é fundamental.
O jogo social ocorre geralmente com amigos ou colegas e dura um período limitado de tempo, com perdas aceitáveis.
Alguns indivíduos podem apresentar problemas associados ao jogo (p. ex., comportamento breve de recuperação do prejuízo e perda de controle) que não satisfazem todos os critérios para transtorno do jogo.
A perda de julgamento e o jogo em excesso podem ocorrer durante um episódio maníaco.
Um diagnóstico adicional de transtorno do jogo deve ser dado apenas se o comportamento de jogo não é mais bem explicado por episódios maníacos (p. ex., história de comportamento de jogo desadaptativo em momentos fora do período do episódio maníaco).
Em contrapartida, um indivíduo com o transtorno pode, durante um período de jogo, exibir comportamento que se assemelha a um episódio maníaco, mas, assim que ele se distancia do jogo, essas características maníacas desaparecem.
Problemas com jogo podem ocorrer em indivíduos com transtorno da personalidade antissocial e com outros transtornos da personalidade.
Caso os critérios sejam satisfeitos para os dois transtornos, ambos podem ser diagnosticados.
Alguns pacientes em uso de medicamento dopaminérgico (p. ex., para doença de Parkinson) podem sentir ânsia por jogar. Caso esses sintomas desapareçam com a redução da dosagem ou interrupção dos medicamentos dopaminérgicos, então não se indica o diagnóstico de transtorno do jogo.
O transtorno do jogo está associado a um quadro de saúde geral debilitada. Além disso, alguns diagnósticos médicos específicos, como taquicardia e angina, são mais comuns entre indivíduos com transtorno do jogo do que na população em geral, mesmo quando há controle de outros transtornos por uso de substância, incluindo transtorno por uso de tabaco.
Indivíduos com transtorno do jogo têm taxas elevadas de comorbidade com outros transtornos mentais, como transtornos por uso de substâncias, transtornos depressivos, transtornos de ansiedade e transtornos da personalidade.
Em alguns indivíduos, outros transtornos mentais podem preceder o transtorno do jogo e estar ou ausentes ou presentes durante a manifestação do transtorno.
O transtorno do jogo também pode ocorrer antes do início de outros transtornos mentais, especialmente no caso de transtornos de ansiedade e transtornos por uso de substâncias.
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